3 de out. de 2008

Projeto PIBIC Parte I - Osasco e seu entorno: uma região globalizada em termos educacionais

Pessoal este é a parte I do meu projeto de Pesquisa na Universidade!

A geografia, enquanto disciplina diretamente ligada a dinâmica territorial, tem uma metodologia de análise específica que pode fornecer elementos importantes para traçar estratégias de ação. Esta metodologia de análise, tem como objeto de estudo o espaço geográfico que, dentro da concepção desenvolvida por Milton Santos, é composto por um conjunto indissociável de sistemas de objetos (produtos e empresas) e sistemas de ações (redes socais locais, regionais e globais) que buscam se materializar em um dado território conferindo-lhe um tipo de configuração singular. Desse modo, a geografia teria a função de se ocupar da análise, compreensão e instalação de objetos no território e do sistema de ações que estes produzem. A geografia, neste sentido, seria responsável por compreender as ações sistêmicas globais no lugar. O lugar, neste sentido, seria a dimensão concreta dos processos e estratégias globais.
No mundo da globalização, o espaço geográfico ganha novos contornos, novas características, novas definições. E, também, uma nova importância, porque a eficácia das ações esta estritamente relacionada com a sua localização. Os atores mais poderosos se reservam os melhores pedaços do território” (Santos, 2001, p.79).
Segundo Santos (2001), a globalização planetária tem como alvo o regional e o local: “Num mundo globalizado, regiões e cidades são chamadas a competir e diante de tais regras atuais de produção” (Santos, 2001, p.57). A região de Osasco tem sido considerada como um ponto estratégico das ações globais de empresas nacionais e multinacionais que entenderam a região como um ponto estratégico da criação de suas redes produtivas. De hipermercados (Wal-Mart e Carrefour etc) a grandes corporações da área imobiliária (Rodobens e Camargo Correa) tem buscado se instalar pontos que viabilizem sua ação na região que compreende o Município de Osasco e seu entorno. No entanto, é no setor de educação que a Região de Osasco mostra sua grande vocação para se tornar um dos grandes espaços globalizados do setor de educação.

A pouco mais de uma década o Município de Osasco contava apenas com uma Universidade (Centro Universitário FIEO) de origem local. Todavia hoje conta com novos agentes do setor que migraram de outras regiões do Estado (UNIBAN e UNIP), como também conta com atores ligados a grandes corporações de ensino patrocinadas por grandes bancos de investimentos global tal como o Apollo Group (Grupo de Investimentos Internacional especializado em investimentos no setor de educação controlador da Universidade Anhanguera também presente na região de Osasco).

Ao todo são nove estabelecimentos de Ensino Superior concentrados nesta região geográfica. A região em questão (que compreende o Município de Osasco e seu entorno) tem sido considerada pelas grandes Universidades como fundamental para a criação de uma rede sistêmica contígua dada a privilegiada localização e devido a os diversos fatores regionais. Estas empresas educacionais entenderam que a Região se tornou fundamental para a incorporação de alunos advindos das demais regiões contíguas e, por conta deste fator geográfico regional, buscam, em todas as instâncias (seja normas jurídicas ou estratégias de mercado) se instalar na região e obter hegemonia de mercado. As empresas educacionais locais (UNIFIEO) e as empresas educacionais regionais (UNIBAN, UNIP) como também as corporações globais do setor de educação (ANHANGUERA) competem entre si em busca de ampliar seus mercados que crescem anualmente geradas por fatores ligados a localidade (acesso de trem, acesso marginal, empresas Alphaville, condomínios de Cotia, Condomínios do Parque dos Príncipes, Banco Bradesco etc).

Na medida em que uma região é considerada como estratégica para os agentes globais uma série de ações estratégicas passam a ser implementadas no território a fim de garantir o domínio do mercado por parte dos atores externos. Isso ocorre porque as grandes corporações educacionais globais buscam fazer do regional uma parte de sua rede global. No entanto, estas grandes corporações educacionais internacionais não estão sozinhas nesta empreitada, pois empresas de educação regionais e instituições educacionais locais também buscam desenvolver estratégias para melhor se instalarem na região ora se utilizando de ações verticais (mídia, tv, propaganda, jornais etc) ora utilizando de ações horizontais (comunidade, atividades culturais, intervenções locais).

Todas as ações e estratégias das grandes Universidades regionais envolvem região, redes e tecnologia informacional. De fato, o ganho de mercado por parte das Universidades parece estar diretamente ligado a capacidade das Universidades de combinarem ações horizontais (criação de redes sociais e solidárias) e verticais (criação de redes informacionais e sistêmicas) na busca por captação de alunos. Segundo Santos (1995), as ações verticais são sempre feitas prioritariamente através de sistemas de informação hegemônicos e globais. A publicidade e o marketing massificado são seus elementos chaves: “brigando pela sobrevivência e hegemonia, em função da competitividade, as empresas não podem existir sem publicidade, que se tornou o nervo do comércio” (Santos, 2001, p.40). A esmagadora maioria das Universidades faz suas intervenções na região através de ações verticais que envolvem sistemas de informação massificados.
As instituões de ensino superior do País estão aumentando seus investimentos em marketing que, hoje, correspondem a 10% do faturamento do setor, calculado em torno de R$ 12 bilhões, ou R$ 1,2 bilhão. As informações são da CM Consultoria, empresa de planejamento, elaboração e instalação de novos cursos para escolas superiores, que constatou, numa pesquisa com 56 escolas superiores brasileiras, que o investimento em marketing por aluno saltou de R$ 587,00 em 1997 para R$ 1.394,00 em 2002. (Universia )

Os gastos com intervenções verticais têm mais que dobrado nos últimos seis anos devido ao aumento da concorrência e financeirização do setor.
Segundo Carlos Monteiro, diretor de uma empresa de marketing educacional, tais investimentos ainda são feitos de forma tradicional não levando em conta as mudanças sociais: “apesar de estarem investindo mais em marketing, as escolas ainda estão apegadas aos métodos tradic
ionais, como a concentração dos recursos na época do vestibular” (Universia ). Grande parte delas se utiliza apenas de ações verticais (impessoais e abrangentes, informacionais e ideológicas) com intervalos de tempo padronizados não levando em conta as necessidades educacionais locais que poderia ser utilizadas como pontos de criação de redes de relacionamento entre a Universidade e a comunidade local. Segundo Carlos Monteiro as mudanças geográficas locais tem grande impacto na elaboração do marketing de rede local.

Para Monteiro muitas destas escolas não estão considerando, em suas estratégias de marketing, a nova realidade dos alunos que chegam aos cursos superiores no Brasil. Com a crescente participação da classe C, do público feminino e de alunos acima dos 30 anos - muitos vindos da população economicamente ativa. . "Só para esta parcela de alunos há uma projeção de aumento de 13,8% ao ano de universitários", diz Monteiro. Segundo Monteiro, os investimentos em marketing que não levam em conta as singularidades regionais do público que a instituição visa atender pode certamente será um investimento com baixo retorno.

2 comentários:

  1. Ubiratan,

    Entendo pelo seu texto que se conectar com a comunidade seria 10x mais barato e 10x mais eficiente do que o modo como essas faculdades tem se inserido.

    Aliás, o que tem a ver Ana Hickman (garota-propaganda da Anhanguera) com educação???

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  2. Beleza Diego! Realmente iria ser bem mais barato e teria mais fidelidade. A rede permite essa inserção no lugar certo e na hora certa. Dá um pouco mais de trabalha, mas melhor do que gastar essa enchurrada de dinheiro com propaganda em massa...rs

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