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O Estado das Técnicas e o Estado da Política: as bases simultâneas
da globalização
Em seu livro “Por uma outra globalização: do pensamento
único a consciência universal” o professor afirma:
“A globalização é, de
certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Para
entendê-lo, como de resto, a qualquer fase da história, há dois elementos
fundamentais a levar em conta: o estado das técnicas e o estado da política”
(pag 23)
Como se processa isso? Estes fatores estão bem explicados no
livro “Natureza do Espaço”. Neste livro “Por uma outra globalização” o
professor apenas dá uma pincelada superficial, mas de forma alguma o professor
tratou o tema de forma superficial. Aliás ele mesmo afirma que é fundamental
para entender a globalização. Vamos por partes:
O Estado das Técnicas:
Todos nós, sem exceção, somos usuários de técnicas. As
técnicas nada mais são do que formas de trabalho que utilizamos para executar
tarefas cotidianas. Quando vou ao espelho pentear o cabelo uso uma técnica. Quando
escovo os dentes uso uma técnica. Quando dirijo meu carro uso uma técnica e
assim por diante. Respondendo a pergunta: o que são técnicas? As técnicas são
formas de execução de tarefas utilizadas pelo homem. Isso nos faz ser uma
sociedade técnica com pessoas altamente dependente de técnicas...
Na esmagadora maioria das vezes usamos técnicas
desenvolvidas por outros atores ou outras pessoas. O pente que você usa para
pentear o cabelo foi desenvolvimento por uma empresa tanto quanto sua escova de
dentes ou seu carro. Todos esses agentes pensaram a melhor forma de você
executar essas tarefas e eles desenvolveram produtos para isso. Eles cobram um
certo valor para que você utilize seus objetos técnicos (guarde bem essa
expressão) e desenvolva suas ações da melhor forma possível. O mundo capitalista,
desta forma, é um mundo desenvolvedor de técnicas e objetos técnicos. E por
conseguinte desenvolvedor de sistemas técnicos (guarde bem essa expressão).
Quando eu escrevo eu uso uma técnica de escrita que foi
desenvolvida a séculos atrás que esta aliada a um programa digital (Word) no
qual eu acrescento meu estilo pessoal de desenvolver frases. Tudo isso é
técnica. Em todo o tempo pessoas (e empresas) desenvolvem técnicas, mas nem
todas as técnicas se tornam hegemônicas e emergentes. Nem todo o modelo de
escova de dentes desenvolvido (objeto técnico) veio a ser dominante. Alguns
simplesmente submergiram e não se desenvolveram. Elas não tiveram a capacidade
de se desenvolver porque não tiveram a capacidade de “dialogar” (convergir) com
outras técnicas já existentes.
As técnicas, como bem já disse o professor, não se dão isoladamente.
É preciso que a técnica não somente seja boa, mas que ela se desenvolva
coligada e convergindo com outras técnicas já consolidadas. Às vezes, não é a
melhor técnicas que se torna emergente, mas é a técnica que melhor se associa a
outras técnicas. Todos sabemos que o Word da Microsoft não é o melhor editor de
texto do mundo, mas ele é hegemônico e emergente (não somente por conta do
poder da Microsoft, isso também, mas não é só isso) porque se associa melhor com
os computadores (hardwares e softwares) e melhor com o público em geral ( ele é
mais fácil de usar, mais leve e mais intuitivo) o que permitiu melhores contratos
de licença de uso. O desenvolvimento de técnicas depende de “contratos”
(associações) e acordos para se tornar hegemônica e ter a capacidade de se
difundir (tornar-se popular, tornar-se dominante no mercado, massificada,
vendável em larga escala). Ai entra o poder do Estado das Políticas...
O Estado da Política
A política nada mais é do que a arte de conciliar interesses
contrários e opostos com vantagens significativas para ambos atores em
conflito. Quando não existe esse acordo conciliatório que promova vantagens
significativas para ambos lados a guerra esta declarada e a frase “a guerra é a
política realizada por outros meios” toma corpo. Existe uma guerra contínua acontecendo
no mercado capitalista: a guerra das técnicas. Ela é inevitável, constante,
assumida e aceita por todos seus participantes.
Cada ator (corporação) que desenvolve técnicas e, por
conseguinte objetos técnicos, quer ser hegemônica. Ela luta para isso.
Desenvolve produtos, faz marketing, faz acordos, faz associações para que seu
produtos seja o mais vendido e o mais utilizado. No entanto, guando a guerra alcança
níveis mais altos entra a política dos estados. Ela é que determina os termos
do acordo de paz. Conhecemos esses acordos como “normas técnicas”. As normas
técnicas (resultado direto de acordos políticos com agentes, órgãos e atores
dominantes) é que determinam o que é “lícito” e o que não é “lícito” no mercado
capitalista. As normas que determinaram que o navegador Netscape (o mais
utilizado e o mais difundido entre os consumidores de todo o mundo no período) fosse
prejudicado com a venda casada do Explorer no pacote do Windows (obrigando os
consumidores a utilizar esse navegador que até hoje esta longe de ser até mesmo
satisfatório) sem que os órgãos de “defesa do consumidor” se manifestassem de
maneira decisiva.
Neste caso em específico houve uma técnica melhor (navegador
Netscape) que suplantou o sistema dominante (Explorer, de fato ele nem existia
quando a Netscape começou a conquistar os consumidores ávidos por navegar na
rede), mas que foi forçado a uma paz (Netscape teve que declarar falência em razão
de questões relacionadas a direitos autorais) através do Estado da Política. Esse
é um exemplo simples, mas temos casos e casos relatados na OMC (Organização
Mundial do Comércio) onde técnicas (e por conseguinte objetos técnicos) muito
mais eficientes querem ganhar o mercado e oferecer melhores produtos e serviços
aos consumidores (a guerra das técnicas) e são impedidos por conta da Política
dos Estados. Isso ocorre no nível de produtos e serviços como também ocorre no nível
de Municípios, Estados e Nações. É a chamada norma que regula (politicamente)
tudo que é licito ou ilícito dentro da nossa sociedade.
A chamada norma esta nas mãos dos chamados políticos que por
sua vez são comprados facilmente pelas grandes corporações que burlam a guerra
das técnicas utilizando sua posição hegemônica de hoje. Neste sentido podemos
dizer que o oprimido de ontem (a empresa que lutou para consolidar sua posição
de mercado junto aos grandes conglomerados através da guerra das técnicas) é o
opressor de amanhã (que de posse de uma posição hegemônica) impede a ascensão
de novas empresas com novas técnicas. Falaremos mais sobre isso na próxima aula...
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