21 de mar. de 2010

A Geografia e o Mundo Moderno: como abordar o assunto em sala de aula




Olha um dos melhores temas para se trabalhar hoje em dia é a “A Geografia e o Mundo Moderno”. Mas, se fizermos uma abordagem “produtiva” e não somente “política”. Uma abordagem meramente política nos leva novamente a falar da relação entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos entre capitalismo e outras formas de organização social (socialismo, comunismo etc). O assunto fica maçante e repetitivo levando os alunos ao desinteresse ou ao mero decoreba...

A abordagem “produtiva”, ao contrário, nos leva a refletir em termos de escalas. Podemos falar de escala global, regional ou local. Podemos falar dos Estados Unidos em suas diversas facetas em termos global (potencia alto padrão de vida), regional (Texas diferente de Luisiana (New Orleans – Furação Katrina, maioria negra) que também é diferente da California (gays, gls, cultura liberal) e local (bairros negros Brooklin, Beverly Hills bairro das estrelas etc). Todas essas diferenças são relações de desigualdade estão em escalas geográficas diferentes ora envolvendo países diferentes, ora envolvendo regiões diferente e ora envolvendo locais diferentes.

A desigualdade não é apenas norte-sul, mas é de escalas também. Ai você pode fazer um mapa produtivo. Porque estas regiões se desenvolvem de maneira desigual? Qual o papel da cultura? Qual o papel das normas sociais? Qual o papel do empreendedorismo no desenvolvimento social? Qual o papel do empreendedorismo no desenvolvimento produtivo? Um documentário fantástico para se trabalhar essa questão da escala é o documentário “Ilha das Flores”. Nele podemos traçar a “rota” do tomate desde a sua produção, seu consumo pela classe média, seu consumo pelos porcos até seu destino final que é a comunidade pobre de ilha das flores. O tomate dá a volta na sociedade (rede produtiva de circulação – capitalismo) e volta para o mesmo local em uma escala social diferente. Porque isso ocorre???






As apostilas de apoio do governo de São Paulo (tão criticadas por alguns) trazem toda essa plataforma para ensinarmos as cadeias produtivas aos alunos. Eu as usei em sala de aula e foi uma aula fantástica. Em uma das atividades da 8 série pedia para os alunos colocarem o nome de um produto de higiene, eletrodoméstico, eletroeletrônico, vestuário (sabão, TV, geladeira, calça etc) seu fabricante (qual a empresa que fabrica) e a origem desta empresa (se é Brasil, EUA, Itália). Tivemos uma discussão fantástica sobre multinacionais! Sobre corporação, sobre holdings, patentes, Unilever, Procter and Gamble, Wal-Mart etc.

Os alunos precisam compreender como funciona o sistema capitalista para poderem ser críticos dele e poderem transformá-lo a partir de seu centro. Não precisamos destruir a sociedade (a idéia de destruir tudo e começar do zero) para melhorá-la. O capitalismo tem suas falhas críticas, mas criou avanços fantásticos para a nossa sociedade! Isso é inegável! Esse próprio canal de comunicação é prova disso! Dai a importância de associar a geografia as novas formas de funcionamento do capitalismo (redes produtivas, globalização, capitalismo financeiro, bolsa de valores) e as novas formas de empreendedorismo de baixo custo (internet, redes colaborativas, web 2.0).

A maioria já domina essas novas ferramentas, mas apenas em seu aspecto técnico (sabem operar essas novas tecnologias, mas não sabem ser produtivos através delas. Ex: sabem mexer no msn ou orkut, mas não sabem ganhar dinheiro com eles) e não no seu aspecto produtivo (Usar a mesma lógica das grandes corporações que usam a globalização para expandir e maximizar lucros. Ex: a Dell (empresa de computadores) usou o twitter e o orkut para aumentar suas vendas em até 20%)

SÃO FRANCISCO - O Twitter está lutando para estabelecer um modelo de negócios lucrativo, mas o serviço de internet já ajudou a Dell a registrar milhões de dólares em vendas. A Dell anunciou que já obteve mais de 3 milhões de dólares em vendas junto a usuários do Twitter que clicaram em mensagens no serviço e foram conduzidos a sites da empresa para comprar produtos. A fabricante de computadores, que vem utilizando o Twitter há cerca de dois anos e usa um software especial para acompanhar as vendas, faturou mais de 1 milhão de dólares lá nos últimos seis meses. Ver reportagem completa

A Geografia tem que levar os alunos a pensar o mundo de forma mais "aberta" (e não ideológica) a fim de que eles sejam tão bons em pensar um novo mundo quanto o são aqueles que dominam o mundo hoje e o já desenharam para os próximos 100 anos! As grandes corporações pensam assim, mas elas sabem que tudo é uma luta e tudo pode ser alterado. Era o que Milton Santos falava e deixou no livro "Por uma outra globalização". Uma outra globalização é possível e isso é possível através das novas técnicas. Técnicas que estão sendo disponibilizadas com a internet e com a globalização e que estão sendo subutilizadas por nossos alunos (e as classes menos instruídas) não por falta de acesso, mas por falta de uma forma de pensamento mais pró-ativo...

O Volume de informações hoje disponível para serem trabalhadas através de um ponto de vista produtivo é fantástico! O desafio Nety é fazer os alunos pensarem (e o desafio é nosso também) em termos de método. As grandes corporações trabalham com base em métodos e não com base em volume de informações. Não precisamos fazer o aluno decorar todos os países do mundo se ele souber a cadeia produtiva que envolve determinadas regiões e locais. É mais importante saber que o Vale do Silício fica na Califórnia do que saber que o Google é dos Estados Unidos. Sabendo o segundo acrescendo mais uma corporação ao rool de corporações que os EUA tem desde o início do século XX, mas sabendo o primeiro tenho contato com toda uma nascente rede de tecnologia que já envolve o mundo todo em uma nova forma de capitalismo digital...

Veja a palestra de Fernanda Viegas e vai entender o que estou dizendo Nety


TEDxSP 2009 - Fernanda Viegas from TEDxSP on Vimeo.

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