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Como todos sabem um dos temas do meu Blog é Gestão de Pessoas. Entendo que este tema é fundamental tanto para a área de empreendedorismo e para corporações tanto quanto é importante para a área de educação e gestão educacional. Alias, a vanguarda destas ações deveria ser das escolas e universidades antes que das empresas e corporações multinacionais. Mas, enfim, vamos ao tema.
A cada semana foi publicar uma resenha-resumo do livro do Idalberto Chiavenato chamado "Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações". Esta semana vou começar com a Parte I que tem como título “Os novos desafios da Gestão de Pessoas”. Como vocês devem saber o livro do Chiavenato tem 455 páginas. Ou seja, é um calhamaço enorme! Hoje vou falar sobre o Capítulo I: “Introdução a moderna gestão de pessoas”.
O filme “Fuga das Galinhas” nos
fornece um excelente cenário para pensarmos o cotidiano das organizações e seus
respectivos desafios relacionados as demandas de mercado e a respectiva
competitividade gerada por elas. O filme é ambientado em um contexto
de situação extrema: um campo de concentração. Muitas organizações contemporâneas
(por falta de visão e aplicação dos conceitos básicos de gestão de pessoas)
acabam por se assemelhar a esse contexto criado no desenho. Em busca de uma crescente
produtividade e competitividade a “saída” que essas organizações parecem
vislumbrar sempre esta associada ao termo “pressão por resultados”.
Os personagens principais vivenciam essa experiência corporativa em mais alto grau, pois estão literalmente confinadas e pressionadas a serem “produtivas”. O elemento motivacional no presente contexto é a morte (o que equivaleria a demissão em nosso mundo real). Se elas não produzirem a “cota” são consideradas improdutivas e levadas ao matadouro. Obviamente esse tipo de ambiente gera reações diferentes nas pessoas: umas se sentem desanimadas, outras se sentem revoltadas, outras se sentem pressionadas etc..
Há uma vigilância constante no que se
refere a resultados. O BSC (Balanced Scorecard) é retratado em detalhes (Não
sabe o que é?? Veja então: clique aqui). As galinhas então pressionadas pelas
métricas buscam sempre aumentar a produção, no entanto esse esforço as deixa
constantemente deficitárias o que inevitavelmente baixa a qualidade do produto.
Por outro lado temos um grupo que resiste a essas práticas e as considera literalmente
desumanas e tenta se auto-organizar para fugir do galinheiro que mais se
assemelha a um campo de concentração. Este grupo é liderado por uma galinha
chamada Ginger.
Ela é o tipo de colaborador que entende
muito bem como funciona o processo (muito dedicada e muito inteligente), mas
que não uma visão ampla do processo, pois lhe falta claramente uma visão “humana”
(relacionamento interpessoal e visão de mundo) para realmente conseguir colocar
seus planos em prática. Isso se deve a sua falta de “diversidade” em termos de convívio
com outras realidades que não a do “galinheiro”. Auxiliada por uma galinha que
é a caricatura do Engenheiro de Produção ela executa
uma infinidade de planos de fuga que nunca dão certo. Ela convoca reuniões, faz
assembleias traz o pessoal a discussão, mas nunca consegue resultados concretos
afim de poder realmente mobilizar as pessoas em prol de sua proposta. Ela é a
caricatura daquele líder que quer debater tudo, mas em um nível bem acima de
seus colaboradores perdendo justamente o fim (apoio) em detrimento dos meios (uma
reunião espetacularmente organizada). Ambas tem dificuldade de entender os
pontos de inflexão...
Nossa personagem Ginger é tipo mais
comum de “pessoa inteligente” em termos técnicos, mas deficiente em termos “humanos”
o que atesta a importância dos conceitos de Gestão de Pessoas nas organizações contemporâneas.
Por conta de estarem em um período de transição entre as “tradicionais
instituições” e as ultra modernas “organizações de desempenho” muitas pessoas
que chegam ao comando de equipes e departamentos acabam se vendo nesta mesma posição
da Ginger...
Esses líderes do “período de
transição” entendem que trabalhar em equipe resume-se ao fato de “estar a frente”
e pelo fato de outras pessoas as escutarem, mas não percebem que nunca contam
com uma colaboração motivada das pessoas. As pessoas escutam, mas não vêem o
cenário que o líder esta “pintando” e por isso mesmo não se envolvem. O
envolvimento é o primeiro termômetro da liderança. Estar à frente do processo
não é conduzir tecnicamente o processo. Ginger sempre esta a frente do
processo, mas não percebe que não conduz nada. O resultado que ela alcança é
desastroso. Na sua visão parte da culpa (grande parte da culpa) é das pessoas
que não se envolvem e não colaboram com o plano de fuga, todavia não percebe o
gap (o hiato, o abismo, a distância etc) que existe entre o desejo e a execução
deste desejo. É neste terreno pantanoso que muitos líderes se perdem...
Ela se frustra, tem acessos de raiva
e se sente cada vez mais isolada e isso tem um efeito perturbador na visão que
ela tem de si mesmo e do mundo que a circunda. É uma situação perigosa para
quem esta na posição de liderança. Ginger passa a entender que as galinhas são
apáticas em relação a situação ao seu redor, quando na realidade elas são
apáticas porque não vêem o “quadro” que Ginger esta pintando e por perderem
essa conexão visual perdem a esperança e Ginger não consegue consolidar uma liderança
efetiva. Sem liderança efetiva as pessoas dificilmente se mobilizam para algo.
É preciso que elas tenham esperança e essa só se consolida com a “visão” clara
a respeito do que o líder deseja passar. É literalmente um problema de
comunicação antes de ser um problema de liderança aqui neste caso.
Mas, eis que a esperança surge dos
céus! Literalmente. O galo galã chamado Rocky desce ao galinheiro. Ele é um
galo de palco. Um galo de circo! Um típico palestrante coaching!! Ele é
acostumado a empolgar plateias. Logo ele se estabelece como uma nova liderança.
Ele é uma liderança especializada em dar esperanças. É a liderança emocional
que as galinhas tanto esperavam. Ele logo parte para criar unidade entre as
galinhas. Ele faz exercícios em grupo, faz com que as galinhas se entrosem e
vejam que são um grupo e não um agrupamento. A liderança que é baseada no carisma
(ela é essencialmente emotiva) ela tem esse poder de dar liga as pessoas. Ginger
acha que as pessoas só vão ter liga com elementos concretos, mas Rocky sabe que
não é assim. As galinhas precisam se conhecer primeiro para poder fazer algo
juntas depois.
Essa situação é muito parecida com
aquela em que as empresas criam situações de entrosamento: alugam uma quadra
para jogar futebol, um salão de festas, uma chácara no final de semana, um
teatro etc. É o que se chamava de confraternização. A confraternização visava
dar as pessoas “intimidade”. Falar sobre seu cotidiano e sobre sua vida pessoal
coisa que no horário de expediente não dava para fazer. Elas se conhecem e
criam sentimentos umas em relação as outras. Criam afinidades e isso é super
importante na hora em que elas vão enfrentar um desafio coletivo.
O Galo Rocky tem essa visão, mas Ginger
não. Ela acha que o objetivo em si é que cria liga e não coisas superficiais
como sentimentos em comum. Não demora para o conflito se
estabelecer. Veja que Rocky (através destes elementos cotidianos e
integradores) consegue fazer as galinhas se motivar a voar. Coisa que elas
nunca fizeram. Isso equivale a sonhar alto. Sonhar com metas ousadas. Mas,
Ginger não conseguiu fazer com que elas se motivassem a pular uma cerca durante
anos. Ela deu planos medíocres e simples e as pessoas (galinhas) simplesmente
não acreditaram. Outra coisa, Ginger separava bem os
“fazedores de planos” (Ela e seu gênio engenheiro quatro olhos) e os
“executores de planos” (as demais galinhas). Isso cria uma barreira forte no
grupo. O Rocky já fazia o contrário: tratava todas
como iguais! Mais do que isso: tratava elas como galinhas especiais. Isso é
Gestão de Pessoas! Essa é uma proposta de uma organização horizontal (que
motiva as pessoas a participarem do processo como protagonistas e não como coadjuvantes)
e uma organização vertical (que obriga as pessoas a participarem e de forma
meramente decorativa ou secundária)
Mas, neste meio tempo de conflito entre lideranças surge um problema: a máquina de tortas. O mercado não para!! Enquanto uma organização se digladia com conflitos internos o mercado continua girando e os concorrentes continuam evoluindo e o que esta mais apto leva a melhor fatia de mercado e consequentemente tem a melhor lucratividade. A existência da máquina de tortas exige uma medida urgente e prática de ambos. Se de um lado Rocky (com sua liderança carismática e emotiva) conseguiu melhorar o ambiente de trabalho e dar liga para o grupo de outro lado ele ainda não conseguiu resolver o problema crucial: fugir do galinheiro. É justamente aquela situação onde a empresa tem um bom ambiente de trabalho, mas não consegue ser objetiva quando ao mercado externo. Isso pode literalmente acontecer. Se ela não consegue resolver isso é uma empresa falida, uma bela, coesa e muito alinhada empresa, mas falida. Esse sempre é o ponto onde a liderança carismática peca. Ela motiva, mas não resolve. Diante da situação Ginger e Rocky resolvem unir forças. Ela reconhece que as pessoas precisam de algo mais do que um objeto para seguir o líder e ele reconhece que o fato de ele “saber conduzir” no o isenta buscar responder a questão “conduzir para onde”.
A construção do “avião” é a união destes dois elementos: planejamento técnico e sonho motivador. O sonho das galinhas de voar continuou, mas a técnica (a objetividade) foi que viabilizou esse processo. Mas, veja que as galinhas tiveram que ter um sincronismo fantástico para levantar vôo (elas tinham que pedalar todas ao mesmo tempo fazendo movimentos para a esquerda e para a direta ao comando do galináceo) e como elas conseguiram esta sincronia: naqueles exercícios cotidianos e bobos onde Rocky fazia com elas se exercitassem em grupo. Sem Rocky a Ginger nunca teria conseguido. Mas, ao mesmo tempo, Rocky jamais teria conseguido fazer aquelas galinhas gordas voarem. Foi preciso a fusão dos dois tipos de liderança.
Deixar as pessoas soltas para conversar e se entrosar. Não fazer do entrosamento algo meramente objetivo. Em muitas empresas as pessoas só podem se entrosar através de projetos e elementos essencialmente profissionais. É um erro. É a mentalidade da Ginger. Em outros casos a liderança é meramente emocional e deixa as pessoas soltas se entrosando e criando margem para fofocas. Essa é a visão de Rocky! A Gestão de Pessoas tem que melhorar o ambiente de trabalho interno, mas ela tem que estar associada ao impulso pragmático do empreendedorismo. É através destes dois elementos que a administração eficaz se consolida.
Muito muito muito bom essa visão. adorei, parabéns ao mestre.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo recado! O filme é muito bom isso ajuda bastante..rs
ResponderExcluirextraordinario.... realmente
ResponderExcluirvaleu pelo comentário! Muito obrigado! Esse filme é excelente!
ResponderExcluirobrigado, vc me ajudou muito sou uma das pessoas que balanço a cabeça. e nao consigo aguentar as criticas obrigado por tua ajuda nsjgomes@hotmail.com
ResponderExcluirSou estudante de agronegocio e nao consiguia, superar a minha inoperancia e conformismo.
sou lider em uma empresa..e busco a cada dia melhorar e me preocupo com as pessoas ..muito boa as dicas...
ResponderExcluirObrigado pelos recados! Realmente o mundo corporativo avançou muito em termos técnicos. Somos melhores, mais velosos e mais visionários do que os trabalhadores das décadas passadas, mas ainda somos muito deficientes em termos de relacionamento humano. Mas, acredito que agora com nos novos sistemas de comunicação (que nos levam a nos comunicar e trocar mais) vamos avançar neste ponto...
ResponderExcluirparabens, gostei muito da explicaçao dada a respeito do filme, inclusive terei de fazer um trabalho para apresentar no curso, um forte abraço e que deus continue lhe proporcionando sabedoria. marco oliveira
ResponderExcluirExcelente texto. Muito obrigada.
ResponderExcluirnossa excelente visão, me ajudou bastante obrigado
ResponderExcluirpoxa, me ajudou muito, uma visão extraordinária. Onde possibilita outras pessoas enxergarem o mesmo!
ResponderExcluirque visão extraordinária, excelente me ajudou muitoo !!
ResponderExcluirmuito boa a relação, me ajudou muito.
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