10 de out. de 2008

Gestão de Pessoas e Gestão de Talentos: Sala de Aula, organizações, Microsoft, Pixar, Apple, Sony

Um dos maiores desafios da nossa sociedade contemporânea é a Gestão de Pessoas que não somente inclui a Gestão de Conhecimento, mas também agrega o conceito de Gestão de Talentos. Podem parecer termos semelhantes, mas em termos operacionais (termos práticos) tem muita diferença. Quando trabalhamos com pessoas temos sempre dois objetivos principais: manter e evoluir (ou revolucionar para os mais ousados).


Estes termos tanto servem para a sala de aula quanto para as empresas. Quando um professor assume uma classe a primeira tarefa dele (se ele for sensato) não é ver qual o conteúdo a ser tratado, mas sim que “material” (que tipo de alunos) ele tem para trabalhar. Me desculpem o termo “material”, mas é só para exemplificar. Os professores mais experientes com uma olhadela (e olha que eles podem se enganar) já percebem os “estereótipos” que ele tem e mais ou menos definem a estratégia de ação. Isso é o começo do processo de gestão de pessoas em sala de aula.Uma segunda etapa é implementar a Gestão de Conhecimentos. Sabendo-se sobre as pessoas nós podemos saber até onde ir com os conteúdos.


Quais os focos de resistência, quais os alunos que mais vão precisar de ajuda, quais os alunos que menos vão precisar, quais os que vão terminar a tarefa primeiro. Você elaborou, com base nos alunos (nas pessoas) que você tinha um plano para gerir o conteúdo que ir ser aplicado. O conteúdo tem que se adaptar (em termos de qualidade e proporção) aos alunos (pessoas) que estão neste ambiente. Até ai tudo bem! Mas, ai vem a parte sofisticada da Gestão de Pessoas: Gestão de Talentos. Neste ponto, você vai trabalhar com os alunos que fora além do padrão e fora para fora do padrão. Os que foram além do padrão são aqueles que não somente tem uma personalidade mais aguçada, mas também tem uma mente mais atuante. Eles estão além da sua idade e por isso acabam se entediando na sala de aula. Eles são aqueles que dizem “professora chata”; “esta sala é um tédio” e “perda de tempo”.


Em toda a sala sempre tem pelo menos um e o mesmo se pode dizer a respeito das organizações empresariais. Mas, tem uma outra figura além desta. Ele é o garoto que esta fora do padrão. Ele tem uma mente atuante e uma personalidade aguçada, mas não rende nada em sala de aula. Ele não consegue se encaixar no padrão. Ele é influente, mas não é fluente na sala de aula. Ele vive no “mundo da lua”. Aparentemente ele não tem futuro, mas ele é que quer construir o seu futuro. Ele não entrou no curral. Então é mais difícil trabalhar com ele do que com aquele outro que foi além do padrão. Muitas organizações empresariais enfrentam este desafio de Gestão de Talentos (que é parte da Gestão de Pessoas).


Vou citar os casos mais famosos! O caso, por exemplo, de Ken Kutaragi que foi o criador do Playstation e um dos maiores inovadores que já passou pela Sony (chegou a presidência da empresa) e era considerado como um rebelde. A ousadia de Kutaragi foi tão grande que ele chegou a contestar o herdeiro da Sony em um reunião anual que decidiria os projetos da empresa para o futuro afirmando que deveriam levar em conta o seu projeto pelo que ele era (era o projeto de criação do Playstation. Até então nenhuma empresa havia lançado um jogo para se jogar em dupla. O Atari, que era sucesso, era feito para o jogador jogar com um programa. Kutaragi afirmou que os jovens se sentiriam mais estimulados se jogassem com uma pessoa real (com os próprios pais)) e não sua linhagem sanguínea. O cara falar isso em uma reunião anual e na cara do herdeiro da empresa é ser para lá de rebelde.


Mas, a história mostrou que ele estava certo. O playstation chegou a representar 40% do faturamento da empresa e o rebelde chegou ao topo da empresa que mudou de uma organização de uma empresa de eletrônicos para uma empresa de entretenimento. Em meu artigo Gestão de Pessoas: inovação na gestão organizacional eu trato do tema de forma mais profunda . Mas, imagine se esse cara fosse demitido e o projeto engavetado? Ainda bem que havia um processo de Gestão de Talentos (incluindo na Gestão de Pessoa) muito eficaz que soube trabalhar a impaciência de Kutaragi e também com sua rebeldia. Outras empresas não conseguem lidar com pessoas assim (não conseguem desenvolver um processo de Gestão de Pessoas sofisticado) e acabam perdendo talentos.



Veja o caso de John Lasseter (o gênio por traz da Pixar Entretenimentos que lançou sucessos como Toy Story, Procurando Nemo, Vida de Insetos e Monstros S/A) que foi funcionário da Disney (tentou inovador no estilo Kutagari) e não conseguiu espaço para trabalhar de forma inovadora. Claro que acabou por ser recrutado por outro rebelde que viu nele este termo “fora dos padrões” entendendo que este seria o cara ideal para realizar uma empresa fora dos padrões (uma empresa inovadora). A Pixar Entretenimentos é um celeiro de desajustados de outras empresas e daí vem seu sucesso. Mas, o que fazemos, em sala de aula, com alunos desajustados: mandamos para fora da sala de aula (Escola Pública) ou para o psicopedagogo (Escola Particular).


Nada contra os psicopedagogos, mas é melhor gerir em sala de aula a questão. Gestão de Talentos Lembra? O contexto ajuda muito! Temos que ter isso em mente: o fato do individuo não se encaixar não quer dizer que ele não é importante para a organização. É preciso saber o porquê. Veja o caso de Michael Phelps (o recordista de natação da Olimpíada de Pequim). Ele também era um “outside” (fora de padrão) e o que disse a professora sobre ele: nunca terá futuro. Veja a matéria completa “Gestão de Pessoas na sala de aula: o trágico futuro de Michael Phelps”. E veja onde o garoto chegou. Ai o processo de Gestão de Pessoas foi a cargo da mãe do atleta que procurou um local no qual ele se sentisse a vontade para exercer sua liderança.


E a liderança é justamente a questão! Os que estão fora do padrão (diferente dos que estão além do padrão) lideram também forado padrão. Eles são potenciais inovadores, mas ainda não tem maturidade o suficiente para exercer esta liderança de maneira positiva. Isto é evidente neste tipo de aluno (e tipo de pessoa), pois eles facilmente fazem seguidores. Eles não fazem seguidores porque são gente a toa (aos nossos olhos, olhos adultos, até pode ser), mas porque tem um atrativo a mais.Veja o caso de Bill Gates da Microsoft. Ele era um aluno fora dos padrões. Não era brilhante, mas era questionador. Não era super-inteligente, mas era super-crítico. Ele não conseguiu fazer a transição de “aluno nerd isolado” para “empreendedor de sucesso” sozinho. A mãe dele percebeu isso logo na infância e fez de tudo para ele não se isolar e se sentir inferior! Esta história esta no livro HardDrive que conta um pouco da infância de Bill Gates.


Mas, como Gates superou o isolacionismo? Não foi sozinho! Ele precisou do apoio de um outro aluno chamado Paul Allen (este sim era nerd e inteligentíssimo). O Projeto da Escola onde estudou permitiu trabalhos em dupla e foi este o processo de Gestão de Pessoas que deu a luz a parceria que viria a fundar a Microsoft: o talento de Bill Gates para liderar fora dos padrões (vender algo novo, como um software) e o talento de Paul Allen para trabalhar dentro dos padrões (construir algo novo sob a orientação precisa de alguém). Foi um Projeto da Escola que revelou a Gates que ele não precisava saber de tudo para realizar algo, mas ele precisa dos outros para poder potencializar seus talentos. Tanto que Bill Gates nunca quis se tornar um exímio programador, mas se concentrou apenas em ser um bom vendedor. O restante ele delegava sem o menor constrangimento. Aprender a trabalhar em equipe! E veja que interessante, Paul Allen era bem mais velho do que Bill Gates, mas se tornou seu San Chupança (alusão a Dom Quixote).


Alunos que estão fora do padrão são lideres natos, mas nem sempre conseguem exercer uma liderança sadia. Eles gostam de trabalhar em equipe (ou duplas), pois não conseguem se firmar sozinhos. Outro exemplo, é o de Steve Jobs. Ele também precisou se firmar em uma outra personalidade para se firmar como líder no mundo dos negócios: Steve Wozniak. Ele era mais velho também e tinha uma personalidade oposta a de Steve: era calmo e humilde. Ainda é porque ele esta vivo! Rs. A Gestão de Talentos envolve isso: pessoas equalizando pessoas. Ora, quem não sabe que o efeito de um casamento bem sucedido é justamente esse: equalizar personalidades. O tal ditado popular “os opostos se atraem” diz respeito a justamente esta necessidade de sabermos (instintivamente) que não somos completos e nem poderemos ser (em Cristo Jesus a questão é radicalmente outra. Os que são do caminho entendem o que digo).


Todos buscam sua “cara metade” e com os alunos não é diferente. Na sala de aula, quando nas organizações, devemos buscar reparar os “desequilíbrios” de personalidade, de anseios, de afetividade etc. Gestão de Pessoas é para pessoas e através de pessoas, não dá para fazer através de gerenciamento de departamentos. Pense nisso! Pense no que Paulo Freire disse em seu livro "Pedagogia da Autonomia": Ensinar exige consciência do inacabamento". Por mais que você tenha um funcionário superbem formado (FGV, USP, IBEMEC) com MBAs e tudo ele ainda é inacabado! Paulo Freire fala sobre "dar suporte" aos alunos. Veja lá na página 55! Mas, antes assista nosso vídeo "Robôs: empreendedorismo e liderança" para usar em sala de aula.



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