19 de jun. de 2009

O poder das relações sociais na visão de Yochai Benkler: não é que Peter Drucker já falava isso para os administradores

Na década de 70 os administradores tiveram um choque quando Peter Drucker disse que estava emergindo uma coisa chamada “sociedade do conhecimento” e que em breve o que eles teriam de mais importante em suas organizações seria o seu “capital humano”. Para aqueles administradores prestes a colocar em marcha o rolo compressor da globalização era uma coisa inimaginável.

Eles sonhavam com fábricas totalmente robotizadas onde o homem só serviria para colocar olho nas máquinas e lustrar os cromados dos robôs. A mecanização vinha com uma proposta de informatização do sistema também (a promessa do computador) e isso tudo apontava para a extrema diminuição do papel do homem dentro do processo produtivo. Todas as evidencias apontavam para isso! Todos aprendiam na escola que o principal setor da economia era a industria e o setor terciário era apenas um apêndice secundário deste tal como a agricultura. Mas, os livros didáticos estavam (e ainda estão errados! Muitos livros de geografia) errados...

O setor terciário é muito maior do que simplesmente as lojas do calçadão de São Paulo que abrem aos finais de semana. O setor terciário é que mais incorporou a tecnologia de informação. Ele é o setor que funciona 24 horas por dia, 7 dias da semana e 365 dias por ano. Ele é o setor que mostra, mostrará e mostrou o que você consumiu, vai consumir e consumirá nos próximos momentos, próximos dias e próximos anos. Ele cria demanda de consumo e expectativa de forma continua.
A palestra de Yochai Benkler vai mostrar como um novo setor nasceu diante dos olhos da velha economia e ela não se deu conta disso. Esse novo setor passou a funcionar aos finais de semana com pessoas se reunindo em rede e debatendo tendências que os chefes deles (nas organizações tradicionais) não queriam saber.
A revolução dos softwares criaram uma interatividade fantástica que levou os consumidores a realmente colocar em relevância esse “obscuro setor terciário”. Através dos softwares as pessoas passaram a criar redes para criar pontos de informação que dizem a você “puxa isso realmente é bom”. Não é mais a propaganda e o marketing que criam a chamada “fidelidade da marca”, mas sim um conjunto de pessoas voluntárias e motivadas com alguns produtos e conteúdos que estão dispostos a deixar uma mensagem do tipo “compre isso é bom!”.

Essa mensagem esta na rede 24 horas por dia! Ela esta no Orkut, Facebook, youtube. Ela esta nas redes web 2.0. Essa nova face da economia esta colocando os “pequenos e bons” em contraposição direta com os “grandes e maus”. Hoje a rede pode fazer você grande mesmo que você seja pequeno. Essa é uma nova dinâmica econômica que coloca as palavras empreendedorismo, gestão de pessoas e administração em evidencia. Hoje a venda não se resume a comprar e pagar, mas em comprar e estar motivado com aquele produto ou serviço a ponto de você deixar uma marca na rede “isso é bom!”.


As grandes corporações tem dificuldade de fazer isso, mas as pequenas não (se estiverem bem atentas a questão da gestão de pessoas, empreendedorismo e administração). Yochai Benkler fala sobre produzir “algo que seja relevante para a comunidade (ou sociedade) a ponto desta mesma sociedade afirmar “isso é bom”. É o que Peter Drucker queria dizer com “criar valor para a sociedade” na década de 70. Os produtos e serviços agora finalmente ganharam uma dimensão social e não apenas ficaram restritos a peças de marketing e emotivos. Hoje as empresas tem que “motivar socialmente” seus consumidores. Eu compro um computador da Dell, por exemplo, e tenho que estar tão contente com ele a ponto de ir no Orkut e dizer: “olha eu comprei e estou muito satisfeito”. Isso não é pesquisa de opinião, mas um elemento meu pessoal e voluntário.

No caso da Dell temos uma comunidade para cada modelo no Orkut. Comentamos desde prazos de entrega, até garantia e problemas que são específicos de cada modelo. Tudo é comentado, tudo é compartilhado. Cada uso, cada perfil de usuário, cada vendedor, tudo é compartilhado. Isso é fantástico! Os pequenos empreendedores ainda usam pouco desta nova faceta da economia digital, mas vão aprender. Yoachai fala que toda coisa ou produto hoje esta envolto de estruturas sociais que definem o seu valor. O valor de um computador da Dell para mim é o que a comunidade do Orkut diz que é e não o que o fabricante diz que é.
Eu comprei o modelo que comprei depois de muito pesquisar na internet em fóruns e comunidades a respeito de um modelo da HP e o da Dell equivalentes em preço e encontrei pessoas que compraram computadores da HP insatisfeitos e reclamando de superaquecimento e falta de suporte ao contrário dos consumidores da Dell. Isso foi decisivo para minha compra. Todos concordavam que o modelo da HP tinha um melhor design, mas que em termos de qualidade o Dell era imbatível. Essa relação entre objeto (produto) e estrutura social (colaboradores voluntários em rede) é a mesma que Milton Santos dizia a respeito da função da geografia: “um sistema de sistemas de objetos e sistemas de ações relacionados de forma indissociável”.

A questão social, a quem o presidente Washington Luis (1926-1930) dizia ser caso de política, esta posta para as empresas. Não se trata mais de marketing social (pintar uma escola) ou sustentabilidade (não jogar tinta no rio), mas diz respeito a realmente fazer algo que tenha significado para as pessoas. O que é irônico é que em uma época em que as relações sociais se tornam cada vez menos significativas na vida real (dissolução da família, afetos, escola bitola, carreira, menos filhos etc) elas se tornam mais significativas no mundo virtual (que tem impactos no mundo real).


Obs: Não esqueça de ativar as legendas (subtitles) e colocar no modo "português"...rs. Ela não ativa automaticamente...

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