Dicas de Bons Filmes: O Terminal

O Terminal
Este filme é uma obra de arte! A capacidade de aliar situações explicitamente engraçadas com uma profunda lição de empreendedorismo individual apimentada por crítica social é uma arte que poucos dominam. E me parece que Tom Hanks gosta de assumir papeis assim! Em breve vou colocar uma resenha de outros dois filmes dele que eu gosto muito: O Naufrago e Forest Gump. Estas são duas obras primas do cinema norte-americano que também Tom Hanks atua...

A historia central é de um cidadão da Europa Oriental que é impedido de voltar ao seu país em vista de um Golpe de Estado que ocorre nesta nação. Em vista deste fato, Viktor Navorski (Tom Hanks) fica preso em um terminal de passageiros. Acrescido a este fato existe uma norma “invisível” (um sistema) dentro do Terminal que visa “despachar” todo e qualquer visitante que deseje permanecer mais tempo do que o necessário no aeroporto. Isso todos nós sabemos que existe...

Mas, o interessante é que Viktor Navorski não se rebela contra essa norma. De fato, ele se adapta maravilhosamente a ela. E ai esta o maravilhoso empreendedorismo individual de Viktor Navorski. Ele tem contra si uma estrutura complexa que é especializada em despachar pessoas do aeroporto. Esta estrutura conta com seguranças, métodos de recepção, constrangimentos, ameaças e todo o tipo de coação possível. Esta estrutura existe no aeroporto foi montada para fazer as pessoas circularem impedindo que elas se estabeleçam em algum lugar do prédio.

Além desta excelente estrutura especializada na segregação e expulsão de visitantes indesejáveis o sistema ainda conta com um gerente de aeroporto que é zeloso nesta tarefa de fazer o sistema funcionar. Mas, Viktor Navorski não é um rebelde do MST que combate o sistema. Ao contrário ele vive das brechas deste sistema. A cada barreira que o gerente coloca para ele (pensando em expulsa-lo do aeroporto) Viktor Navorski encontra uma saída. O gerente sabe que basta ele sair uma vez do Aeroporto para que a Lei o impeça de volta. Mas, Viktor Navorski também sabe disso e sabe, além de tudo, resistir a cada dia. Ele não levanta uma bandeira de ódio ao sistema e muito menos leva para o lado pessoal a ação do gerente.

Ele simplesmente se adapta em cada brecha do sistema. Ele não perde a esportiva. Ele insiste em cada lance. Ele sempre esta disposto a melhorar aquele sistema que hoje é seu opressor. A incrível habilidade deste homem faz ele aproveitar cada brecha nos serviços do Aeroporto. Em um lance magnífico ele percebe que as pessoas não devolvem os carrinhos para o local apropriado mesmo perdendo 25 cents de dólar. E ele percebe isso ao ajudar uma pessoa (ele não tinha intenção prévia). Nisso ele consegue levantar uma grana para almoçar e jantar. Em outro lance espetacular ele consegue trabalho na reforma do aeroporto.

Em todos os lances Viktor Navorski demonstra como é possível ser vitorioso mesmo diante de uma estrutura opressora gigantesca. Ele consegue isso sabe porquê? Sabe de onde ele tira otimismo e forças para continuar a se manter otimista mesmo em meio a perseguição do gerente do Aeroporto? Na falta de direitos! Ele sabia que não poderia exigir direitos! Ele não tinha direitos! Era um estrangeiro! E, pior, um estrangeiro sem embaixada a quem recorrer. A partir daí ele teve que se virar com o que tinha. Teve que fazer amizades, ser simpático, ajudar outras pessoas, ou seja, ele teve que se fazer útil a estrutura que o oprimia. Já pensou em passar uma semana sem direitos? Tendo que se virar sem poder ter a quem recorrer? Tendo que se adaptar a cada situação ao invés de reclamar para mudar o contexto no qual esta sendo oprimido?

Imagine se cada esquerdista, rebelde contra o sistema, MST (Movimento Sem Terra), MSU (Movimento sem Universidade), MSC (Movimento sem Casa) etc; do país começasse a agir como Viktor Navorski...

Já pensou que país nós teríamos! Comente! Dê sua opinião!