5 de jun. de 2008

Monstros S/A e a Igreja Gestão Corporativa

Sempre quando assisto esse filme com a minha filha me alegro pelo fato de ter uma criança em casa. Eles são o alento para uma mente presa em padrões, regras e auto-punições. Sempre vejo dizer que a religião cega as pessoas (e isso é verdade!), mas jamais vi uma Igreja tão dogmática quanto a Igreja chamada “Gestão Corporativa”. Os cultos são intermináveis e ocorrem todos os dias em cada corredor de empresa, em cada cubículo de departamento e em cada conversa ao pé da máquina de Xerox ou da máquina de café. Em todo o momento as pessoas estão voltadas para os dogmas fundamentais de sua crença: ser mais eficiente, ser mais alinhado, ser mais dinâmico, ser mais produtivo, ser mais integrado, ser mais focado, ser mais determinado.

O dogma da Gestão Corporativa não esta focado no ter, mas sim no ser. Isso é bom? Claro que é! Como vemos no filme Monstros S/A se esforçam continuamente para “ser” e não para “ter”. Nada tem a ver com ganhar dinheiro e consumir (o mundo do consumo) como se entende na crítica usual as pessoas que estão ligadas as grandes corporações. Não, não se trata disso! Lá temos uma dupla se esforçando para ser...Mas, esse tremendo esforço para “ser” esta totalmente desligado da vida que ocorre fora da Monstros S/A. E esse é o grande nó da questão. Pessoas trabalhando para ser sem olhar as pessoas que são diretamente afetadas pelo seu trabalho. É esse pensamento asséptico (higiênico, desideologizado, esterelizado, separado etc) que mina grande parte da criatividade das pessoas tal como minou a criatividade dos dois personagens centrais do filme! Quando a criança chega na vida deles ela os obriga a se integraram novamente a toda a realidade que os envolve. Uns chamam isso de holístico, outros chamam de sistêmico, outros ainda de visão humanista, mas o que sei é que eles passaram a “estar junto com o outro”.

O outro não é somente o chamado cliente, mas o cliente é uma pessoa que tem necessidades e desejos que vão além de ter simplesmente algo para consumir. Todos queremos produtos que cooperem com essa nossa necessidade de integração. Mas, como isso vai acontecer se a grande parte das pessoas (gerentes, diretores, presidentes) são como os padres da Idade Média eram com seus fieis: oram em latim de costas para o povo. Empresas que se tornam Igrejas de Gestão Corporativa não caem facilmente, mas elas são facilmente esvaziadas de sentido. É melhor libertar a sua Bu...Obs: Bu é a menina que transforma a vida dos Monstros S/A.

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