23 de fev. de 2012

Aula 03 TGA - Antecedentes Históricos da Administração: preparando as condições para a empresa moderna


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Aula 03 TGA - Antecedentes Históricos da Administração: preparando as condições para a empresa moderna 


 A administração é uma atividade muito antiga. Desde que o homem se organiza para viver em sociedade a administração tem sido a base de seu pensamento, no entanto ela nem sempre se denominou “administração”. Nesta aula vamos trabalhar como os pensadores e filósofos entendiam o conceito de administração e como ele foi evoluindo através de complexas organizações como a Igreja e o Exército e por fim acabou por influenciar a maior revolução contemporânea da história da humanidade: a Revolução Industrial. (vídeo aula, resumo, resenha, texto, slides, palestra)

Capítulo II – Parte 1 – Teoria Geral da Administração: antecedentes históricos da Administração

A história da administração como disciplina científica ou acadêmica é relativamente recente, mas a atividade humana visando organização data das primeiras sociedades coletoras e caçadoras. O homem, enquanto coletividade, sempre procurou se organizar de forma a aumentar a sua produtividade. Caçando em grupo o homem era muito mais produtivo do que caçando individualmente. E hoje não é diferente!! Empresas são grupos de pessoas organizadas buscando vantagens (dinheiro, posição, prestigio, lucro) em vista da coletividade circundante.



Influência dos Filósofos

Mas, a história da administração como disciplina acadêmica nascem em paralelo com o nascimento, difusão e consolidação do capitalismo. O grande impulsionador da administração é a busca constante de lucro e essa busca só é concretizada por uma organização cada vez mais conectada e eficiente em termos de produção e distribuição de produtos, bens ou serviços. O autor Idalberto Chiavenato vai buscar na filosofia grega as bases para compreender como a administração já estava sendo desenvolvida como ideia estruturante da sociedade capitalista contemporânea. Para ele “Sócrates, filósofo grego, a administração é uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência”, mas para Platão “a administração estava diretamente ligada a forma democrática de governo e da administração dos negócios públicos” e ainda para Aristóteles a administração era ainda mais complexa e poderia ser compreendida de três formas distintas:

1 - Monarquia ou governo de um só (que pode redundar em tirania) 
2 - Aristocracia ou governo de uma elite (que pode descambar em uma oligarquia)
3 - Democracia ou governo do povo (que pode degenerar em anarquia)

Podemos compreender que a administração neste período sempre esteve ligada a vida e a organização social enquanto governo. A maior organização social neste período eram literalmente os chamados Estados-Democráticos. Passando da antiguidade ao Início da Idade Moderna pouco se avanço em termos de concepção administrativa porque o conceito ainda estava ligado ao Estado e a Política. Então René Descartes (considerado o fundador da filosofia moderna), em seu livro “Discurso do Método” (base do método cartesiano de análise) deu um salto na concepção da administração ao estabelecer princípios para racionalizar e pensar a administração de forma mais objetiva:

1) princípio da dúvida sistemática: não aceitar nada em primeira instância, mas questionar com base em evidências bem claras. Se há alguma dúvida em relação a algo ela deve ser explorada ao máximo e não ignorada.

2) princípio da análise ou da decomposição: dividir os problemas em partes menores para poder analisar onde uma determinada  “peça” se encaixa na outra e buscar descobrir falhas ou melhorar as conexões que existem entre uma e outra. O questionamento não é sobre o projeto como um todo, mas sobre as partes que o compõe então é preciso decompor para achar onde estão os detalhes falhos que podem comprometer o projeto inteiro. É a chamada crítica construtiva que ao invés de desqualificar algo procura melhorar as partes frágeis ou fracas.

3) Princípio da Síntese ou da decomposição: consiste em ordenar os pensamentos ou as situações de forma mais objetiva possível começando pelas partes que são extremamente claras e avançando para as que são mais questionáveis de forma gradual. Analisar os pontos fortes reforçando e elogiando e questionando e procurando melhorar os pontos fracos de forma construtiva.

4) Princípio da enumeração ou da verificação: consiste em fazer o chamado check list de todas as peças ou ações a serem implementadas até que elas estejam prontamente alinhadas e prontas para entrar em pleno funcionamento.

Como podemos ver esse método serve de base para ações práticas em várias áreas até o dia de hoje “o método cartesiano teve influência decisiva na Administração: a Administração Científica, as Teorias Clássicas e a Neoclássica tiveram muitos dos seus princípios baseados na metodologia cartesiana” (pag. 31).  Para Thomas Hobbes (1588-1679), os homens não poderiam viver em sociedade sem uma força organizadora (o Estado), pois “na ausência do governo, os indivíduos tendem a viver em guerra permanente e em um interminável conflito para obtenção de meios de subsistência” (pag 31) por isso a necessidade do Estado ser o grande administrador social através do “pacto social”.

Para Jean Jack Rousseau (1712-1778) o contrato social (e não pacto, uma forma mais democrática de ver as coisas) realmente é necessário “o contrato social é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre todos de um regime político, governante ou de conjunto de regras” (pag 31). Para Rousseu não há necessidade de um pacto (esse é visto desta forma porque leva em conta a tendência inata do homem para a violência quando seus recursos são ameaçados) e sim de um contrato (este é visto como um contrato porque o homem é visto como bom e perfeitamente capacidade para viver em comunidade) como afirma o autor “o homem é por natureza bom e afável e a vida em sociedade é que o deturpa”.

As concepções de “humanidade” e “vida em sociedade” é que vão dando a tónica sobre como o processo de administração deve ser desenvolvido e implementado. Para Karl Marx (1818-1883) o Estado (e consequentemente a teoria que o sustenta: a administração) nada mais é do que uma forma de dominação política e econômica da sociedade por meio de uma classe social dominante e exploradora “o Estado ver a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista o autor afirma que a história da humanidade é uma história de luta de classes” (pag.31). O autor afirma que em qualquer tempo histórico o Estado e as técnicas de organização administrativas sempre privilegiaram as elites em detrimento da grande massa e por não podem ser consideradas benéficas sem se analisar “a quem” ou a “que classe” elas estão beneficiando. Nem o Estado nem a administração são neutros ou científicos neste caso.

Exercício A analista de O& M – Anamaria Montes

Pergunta: Faça uma correspondência entre o método de trabalho de Anamaria e o método cartesiano.

Resposta: o trabalho de consultoria de Anamaria tem uma correspondência direta com o método cartesiano que consiste em 4 princípios fundamentais: dúvida sistemática, análise e decomposição, síntese e decomposição e enumeração e verificação. O trabalho de Anamaria é atestar o perfeito funcionamento na empresa analisando e decompondo os processos que integram a organização. 

Influência da Igreja

A Igreja acabou ser a grande herdeira do conhecimento acumulado durante séculos no que se refere a administração dos Estados porque ela própria (por conta da sua abrangência, influência e extensão territorial) acabou por se constituir um verdadeiro Estado. Dai o nome “Estado do Vaticano”. Se olharmos a estrutura do Vaticano (papa – o CEO – presidente; os arcebispos e bispos como a diretoria até os padres e fieis) realmente é possível reconhecer uma estrutura administrativa muito similar as organizações contemporâneas.

Influência do Exército

Outra área que também cooperou e se beneficiou do desenvolvimento da organização e da administrativa sem dúvida foi os vários tipos de organização militar que existem no mundo. Um dos mais consagrados autores sem dúvida é Sun Tzu (um general filósofo chinês) que tratou detalhadamente (na forma mais pura da administração) em seu livro “A Arte da Guerra” de como administrar uma situação de guerra e conflito detalhando táticas, estratégias e sistemas logísticos.

“A organização linear tem suas origens na organização militar dos exércitos da Antiguidade e da época medieval. O princípio da unidade de comando (pelo qual cada subordinado só poder ter um superior) é o núcleo das organizações militares. A escala da hierarquia – ou seja, os escalões hierárquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade – é um aspecto típico da organização militar utilizado em outras organizações” (pag 32)

Desde Sun Tzu, passando por Napoleão, as organizações militares tem avançado no sentido de deixar ainda mais eficiente o corpo combativo “outra contribuição da organização militar é o principio da direção que preceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer” (pag 32). Sem dúvida esse é um dos princípios aperfeiçoados na organização militar que é até hoje é imprescindível nas organizações civis!! Outro grande autor militar que contribuiu para a evolução do conceito de administração foi Karl Von Clausewitz (1780-1831) que escreveu seu livro “Estratégia” um clássico da área. Para o autor “a disciplina é um recurso básico para uma boa organização. Uma organização requer um cuidadoso planejamento no qual as decisões devem ser científicas e não apenas intuitivas. O administrador deve aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos” (pag 33)

Exercício: a inspiração de Armando

Pergunta: Na verdade, será que Armando é realmente um inovador? De onde Armando tirou essas ideias?

Resposta: De fato, Armando não é um inovador no sentido de ser o fundador do conceito de hierarquia e assessoria, mas ele é sim um inovador em termos de implementação na medida em que ele torna a organização dele mais eficiente ao implementar métodos mais eficazes que geram uma produtividade ainda maior. A inovação não advém apenas da área conceitual (ideias), mas também advém em termos de implementação.


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